Uma colaboração entre o Laboratório IMP Diagnostics e a Dra. Carla Barbosa, médica anatomopatologista do Hospital Universitário Agostinho Neto em Cabo Verde, resulta no primeiro estudo sobre a distribuição do HPV e a citologia cervical neste país.
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No estudo publicado hoje (9 de Maio) na revista científica Tumor Virus Research, uma equipa composta por investigadores e médicos anatomopatologistas do IMP Diagnostics e do Hospital Universitário Agostinho Neto de Cabo Verde, apresenta os primeiros dados sobre a distribuição do HPV – um vírus associado ao desenvolvimento do cancro do colo do útero, e sobre a citologia cervical – um exame diagnóstico para este tipo de cancro, em Cabo Verde.
Segundo o relatório publicado em 2023 pelo ICO/IARC – Centro de Informação para o HPV e Cancro, o cancro do colo do útero é o terceiro tipo de cancro mais frequente em Cabo Verde e o primeiro em mulheres entre os 15 e os 44 anos de idade. Ainda segundo este relatório não existiam, à data da sua publicação (março de 2023), dados disponíveis sobre a distribuição do HPV neste país.
“Este trabalho assenta numa análise retrospetiva de 13.000 casos e revela dados importantes para a compreensão global da prevalência de HPV e dos diagnósticos citológicos em Cabo Verde. Por um lado, nas amostras citológicas encontramos lesões de baixo grau (que frequentemente desaparecem mesmo sem tratamento) em 2.7% dos casos e de alto grau (se não forem tratadas podem evoluir para cancro do colo do útero) em 0.5%, valores em linha com os reportados noutros países e em guidelines internacionais. Por outro lado, detetamos a presença do vírus HPV em 25% das amostras, um valor inferior ao reportado (32.3%) numa meta-análise recente sobre a prevalência de HPV de alto risco em países da África Subsaariana”, descreve Dra. Rita Vieira, primeira autora do artigo, responsável do laboratório de Citologia no IMP Diagnostics.
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Além de ter sido detetada a presença dos subtipos de HPV16/18/45, conhecidos por serem HPV de alto risco oncogénico, isto é, responsáveis por desencadear a maioria das lesões mais graves, este estudo apresenta ainda um dado relevante. “Detetamos que, em 75% dos casos positivos, existia a presença de outros subtipos de HPV de alto risco, que não os ‘tradicionais’ (HPV16/18/45). Este dado indica que, para a população analisada, subtipos diferentes dos habituais poderão ter importância no desenvolvimento de doença cervical neste país. Como na nossa amostra os casos com lesões de alto grau e carcinoma são reduzidos, seria importante existirem mais estudos alargados, nomeadamente em contexto de rastreio organizado, para ser possível perceber a prevalência destes outros subtipos e o seu impacto.”, explica Dra. Diana Montezuma, autora do estudo, Médica Patologista e responsável da Unidade de R&D no IMP Diagnostics.
A Dra. Carla Barbosa, autora do estudo e anatomopatologista no Hospital Universitário Agostinho Neto de Cabo Verde conclui “Os dados apresentados por este estudo sobre a prevalência de doença do colo do útero em Cabo Verde, representam um importante contributo para aquela que é a atual estratégia de eliminação global desta doença, proposta pela Assembleia Mundial da Saúde e que assenta em três pilares: vacinação, rastreio e tratamento.”
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